O Mundial de Clubes de 2025, com seu formato inovador e ampliado, se tornou um verdadeiro campo de testes para o futebol brasileiro. Com quatro times na disputa pela primeira vez, os clubes nacionais mostraram suas forças, mas também expuseram suas vulnerabilidades, em um torneio que foi bem além do resultado em campo.
Flamengo: Do Poder de Fogo à Questão da Profundidade
O Flamengo chegou como o grande favorito brasileiro e, sob o comando de Filipe Luís, exibiu um ataque envolvente e uma nova formação que deu mais equilíbrio ao time. A equipe se destacou pela sua capacidade de pressionar o adversário e criar chances. No entanto, o torneio também expôs um de seus maiores riscos: a dependência de peças-chave. A lesão grave de Pedro provou que, mesmo com um elenco recheado de estrelas, a falta de profundidade em posições cruciais pode se tornar um problema. A lição para o Rubro-Negro é que a força de um time não se mede apenas pela qualidade dos titulares, mas pela robustez e pela capacidade de adaptação de todo o grupo.
Palmeiras: A Maestria Tática e a Necessidade de Novos Caminhos
O Palmeiras de Abel Ferreira reafirmou sua identidade. Sua força é a organização tática, a disciplina e a capacidade de se adaptar a diferentes esquemas de jogo. A chegada de Aníbal Moreno solidificou a defesa e deu ao time a solidez que o consagrou. Contudo, a aposta na transição rápida e nos contra-ataques pode limitar o time quando ele precisa propor o jogo e furar defesas bem fechadas. O Palmeiras provou que é mestre em um tipo de jogo, mas o Mundial deixou a questão: será que essa abordagem ultra-competitiva pode evoluir para algo mais?
Fluminense: A Ousadia que Precisa de Mais Solidez
O Fluminense de Renato Gaúcho levou sua ousada filosofia de posse de bola e triangulações para o palco mundial. Apesar de ter oscilado, o time conquistou elogios por sua identidade única e por provar que o futebol criativo pode ir longe. No entanto, as “oscilações” do Tricolor são, na verdade, vulnerabilidades crônicas. Seu estilo de jogo, que concentra a maioria dos jogadores no ataque, pode deixar a equipe exposta a contra-ataques e a problemas na defesa. A lição do Flu é clara: sua identidade é uma força, mas para ser consistentemente vitorioso, precisa de mais flexibilidade tática e de soluções para seus pontos fracos.
Botafogo: O Vencedor Inesperado que Quebrou um Tabu
A participação do Botafogo foi um dos pontos altos da competição. O time carioca protagonizou uma vitória histórica sobre o Paris Saint-Germain, quebrando um jejum de 13 anos sem que um clube brasileiro vencesse uma equipe europeia no Mundial de Clubes da FIFA. Essa conquista provou que a distância entre os clubes da América do Sul e os da Europa pode ser menor do que se imagina, desafiando a percepção de superioridade dos europeus. O Botafogo foi a prova viva de que o talento e o planejamento podem, sim, superar orçamentos mais robustos.
O Futuro do Futebol Brasileiro em Xeque
No fim das contas, o Mundial de 2025 foi mais do que um torneio. Foi uma aula de estratégia para o futebol brasileiro. Nossos clubes mostraram que têm talento para competir, mas o verdadeiro aprendizado foi a importância do planejamento, da gestão e da visão estratégica. O torneio ocorreu no meio da temporada brasileira, em um momento de alta intensidade para os clubes, o que ajudou a nivelar o campo contra os europeus, que chegavam ao final de sua temporada, exaustos pelo calendário.
A grande lição é que o sucesso no cenário global virá, sim, do talento em campo, mas, acima de tudo, da organização institucional e da capacidade de manter a consistência e a força de seus elencos ao longo de uma temporada inteira. O Mundial de 2025 mostrou que o Brasil continua sendo protagonista, mas que a vitória final depende de uma visão estratégica aprimorada.
Por Daiane Reis
Jornalista- Correspondente Internacional - USA