A última remessa de amostras de material biológico das granjas avícolas do bolsão de Bastos do inquérito soroepidemiológico da Laringotraqueíte Infecciosa (LTI) das aves foi remetida pelo Escritório de Defesa Agropecuária (EDA) de Tupã ao Centro de Análises e Diagnósticos, pertencentes à Coordenadoria de Defesa Agropecuária, que é o órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo responsável por zelar pela sanidade dos plantéis avícolas e rebanhos do Estado.
No bolsão de Bastos, maior área de concentração de granjas de aves de postura comercial no Brasil, o inquérito tem por objetivo monitorar o evento sanitário que ocorreu na região, para que seja almejada a retirada compulsória da vacinação.
O diretor do EDA, médico veterinário José de Barros Vieira explica que “foram colhidos materiais biológicos em 52 granjas para análises no Instituto Biológico de São Paulo, também órgão da Secretaria, nos laboratórios de Descalvado e Bastos, sendo que os resultados deverão ser divulgados nos próximos meses”.
A LTI é uma doença respiratória contagiosa, que ocorre principalmente em galinhas de postura e menos frequentemente em frangos de corte. Foi diagnosticada no Estado em dezembro de 2002, no município de Bastos, atingindo 182 propriedades de exploração de aves para a postura comercial de ovos, totalizando 16,8 milhões de aves de postura. A doença provoca queda na produção de ovos e morte das aves adultas, principalmente em época quente e úmida. A LTI não é transmissível ao homem e o ovo também não é disseminador do vírus.
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento desenvolveu e implantou um programa baseado nos conceitos de epidemiologia, que consiste na aplicação de medidas de biosseguridade, associadas a um programa compulsório de vacinação iniciado em 2004 com o emprego de vacina atenuada em ovo embrionado contra a LTI. Em 2012 passou a ser adotada a vacinação com a versão da vacina recombinante. Na região a doença está controlada desde 2004.
Influenza Aviária e Doença de Newcastle
Para avaliar a circulação dos vírus da Influenza Aviária (IA) e Doença de Newcastle (DN) em plantéis avícolas industriais do país e apoiar o reconhecimento do plantel avícola industrial como livre destas doenças, auxiliando nos processos de certificação para os mercados importadores, está sendo realizado em todo o estado de São Paulo o inquérito soroepidemiológico, demandado pela Defesa Sanitária Animal Federal e Estadual.
Nos estabelecimentos avícolas, selecionados de forma aleatória com base no banco de dados da Coordenadoria de Defesa Agropecuária, estão sendo realizadas as colheitas de amostras de sangue e de suabes de traquéia e de cloaca das aves. São Paulo tem hoje um universo de 4 mil propriedades avícolas cadastradas no sistema. Para o inquérito foi selecionado uma base de 324 granjas (com 445 núcleos). Serão colhidas 5.190 amostras de sangue e 10.380 amostras de suabes.
“Os inquéritos soroepidemiológicos da Influenza Aviária e da Doença de Newcastle são ações de vigilância ativa para a detecção dos respectivos agentes causais, a fim de demonstrar aos membros do setor avícola e ao mercado internacional que o estado de São Paulo continua livre de tais enfermidades”, disse o médico veterinário Luciano Lagatta, responsável pelo Programa Estadual de Sanidade Avícola.
Todo material colhido para a realização dos inquéritos é remetido ao Centro de Análises e Diagnósticos, em Campinas, antes de ser enviado aos laboratórios, como informa Vera Lucia Nascimento Gonçalves, médica veterinária e diretora do Centro, “aqui conferimos o material e corrigimos as inconformidades verificadas na colheita de amostras e na documentação e procedemos o encaminhamento para o laboratório de destino final visando rapidez na realização dos exames e na emissão dos resultados”.
Na região do bolsão de Bastos onde o trabalho de colheita já foi concluído “foram colhidos materiais biológicos de 45 granjas para a Influenza Aviária e Doença de Newcastle para análises no Lanagro, que é o Laboratório Nacional Agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)”, disse José de Barros Vieira, diretor do EDA de Tupã.
A realização das atividades em Bastos teve a supervisão dos médicos veterinários Luciano Lagatta e Bruno Marinho de Carvalho, coordenação regional do médico veterinário Jesualdo Gonçalves Filho, dirigidas por Vieira, Diretor do EDA Tupã e responsável pela condução dos trabalhos na regional referentes ao Programa.
Para ser possível cumprir o cronograma em tempo hábil, a regional contou nas ações de campo com a participação dos médicos veterinários conveniados da Associação Paulista de Avicultura (APA) Onézio Batista de Oliveira, Abílio Paludetti Júnior, Janaína do Prado Marçal, Gabriela Cristina Tomazela, Kellen Cristina Trivelato, Pedro Luiz Bigatão de Abreu e Souza e Vagner Yuji Watanabe.
Sanidade Avícola
A Secretaria de Agricultura e Abastecimento, por sua Coordenadoria de Defesa Agropecuária realiza diversas ações para evitar o ingresso de doenças aviárias inexistentes no Estado ou que possam prejudicar seus planteis. Uma dessas ações é o monitoramento das aves de reprodução fornecedoras de ovos férteis, pintos de um dia e de aves de recria, que devem atender as exigências sanitárias com ênfase às enfermidades de notificação obrigatória à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Outra ação é a fiscalização nos estabelecimentos avícolas comerciais para verificar a adoção das medidas de biosseguridade para a obtenção do registro.
“A implantação de um sistema informatizado que abrange um banco de dados de informações epidemiológicas e sanitárias possibilitou a emissão da guia de trânsito animal (GTA) por meio do acesso à internet, melhorando o sistema de rastreabilidade, foi uma grande conquista para o setor e para a sanidade avícola” disse Lagatta.
Números da Sanidade Avícola em 2015
- 4.142 propriedades cadastradas com aves
- 475 estabelecimentos comerciais
- 212 monitoramentos sanitários realizados em estabelecimentos de aves comerciais, subsistência e silvestres.
- 586 monitoramentos sanitários em aves de reprodução
- 138 propriedades com notificação ou suspeita de doença
- 31 ações de controle/erradicação de focos
- 214 certificações sanitárias emitidas
Por Teresa Paranhos
Secretaria de Agricultura e Abastecimento
Coordenadoria de Defesa Agropecuária